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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

No que será que a Rosana esta pensando?

Sim, eu olho pro link aqui do Querido Leitor aqui do lado, penso isso e vou la.
Tem um texto maravilhoso, sobre a terapia dela.
E pra gente, que não faz terapia...rssss...
O mundo não é justo, coisas ruins acontecem pra pessoas boas e coisas ótimas acontecem pra gente ruim. Uma coisa eu sei: se você quer alguma coisa, fique por perto. Quem chega aonde quer não é o 'melhor', mas o que estava mais disponível e mais próximo.
Na íntegra:

Só fiz terapia uma vez na vida. Há muitos anos. Eu queria encerrar um relacionamento e não tinha energia, força, coragem, capacidade emocional para tanto. Fui buscar ajuda. A ajuda foi muito válida. Consegui sair fora daquela história e construí uma vida pra mim. Hoje eu sou feliz, tenho uma vida estável, dois filhos adoráveis e vivo num clima amoroso incrível com meu marido há quase vinte anos. (Eu disse que foi há muitos anos...)
Voltei a fazer terapia. Eu não estava planejando, mas aconteceu por acaso e estou tirando ótimo proveito das consultas. Hoje, por exemplo, eu aprendi que há termos complexos e bonitos para o que a gente é, para o que a gente quer, para o que pode ou não pode fazer. As duas palavra que aprendi são Filogênese e Ontogênese.
Filogênese refere-se à parte física e biológica, aquilo que nasce com a gente, que determina a limitação do que a gente consegue ou não fazer. Eu sou baixinha, não posso ser jogadora de basquete. Sempre fui mais para gordinha, nunca pude pensar em ser modelo. Portanto, meu querer no mundo real tem que estar condicionado a essas realidades filogenéticas. Querer ser modelo de passarela sendo baixinha é pedir pra passar a vida sofrendo. Não é comigo.
A parte da ontogênese diz respeito a sua criação. Seus valores morais, educacionais, culturais, religiosos. Se você foi criado num ambiente vegetariano é pouco provável que você queira ser um dono de churrascaria.O que você quer está ligado a tudo isso que você é, como você foi criado e vive sua vida.
E além do que a gente consegue e quer, tem aquilo que a gente pode ou não pode fazer. Essa é a parte complicada.
Usei uma metáfora para explicar para minha terapeuta o sentimento de injustiça e indecisão que me impede de fazer algumas coisas que eu acho que quero. Ei-la:
"Às vezes eu me sinto como o motorista de um carro, congestionada numa longa estrada que leva ao litoral, parada na minha faixa. Eu sei que está tudo parado, que não dá pra ultrapassar e só me resta esperar o trânsito melhorar. Estou na estrada certa, no caminho certo, na faixa certa, cumprindo meu dever de bom cidadão.
Enquanto estou ali parada, tentando me distrair, vejo muita gente correndo pelo acostamento e passando por mim e por todos.  Alguns podem até ser multados, mas a maioria vai fazer errado, vai ter benefícios e vai escapar ilesa. E mais, sei da minha experiência de praia que essas pessoas fazem a viagem em duas horas enquanto eu, a certinha, acabo levando quatro a cinco.
É um sentimento ruim, saber que quem faz o certo sofre mais e chega depois enquanto quem faz errado não é punido, leva vantagem e ainda se sente mais esperto do que todos os bons cidadãos que esperaram a vez."
Eu tenho certeza que nessa 'longa estada da vida', muita gente se sente assim. Em tudo. Sei que existem os espertos que viajam pelo acostamento, existem as meninas que dão pro professor pra passar de ano, as que dão pro chefe pra subir na vida, as que dão pra todo mundo pra ter um lugar na TV.  (Quer dar, vai lá e dá gostoso, mas...por interesse? #Fail) . Sei que existem os corruptos que vendem a alma, os que vendem o corpo, a mãe, o alheio. Eu sei que o mundo é assim. E é por isso que em alguns dias que sinto que não pertenço a tudo isso. E aí me dá vontade de morar num país de gente certinha, como o Canadá (pra onde minha irmã, que é igual a mim, imigrou em busca de justiça), para a Suécia, onde as coisas funcionam ou para Berlim, uma cidade onde uma mulher tem o direito de ter cabelos brancos sem ser desprezada por estar 'velha'.
Quantas pessoas você conhece no meio artístico que tiveram  o DIREITO de escolher ficar com os cabelos brancos? A Glória Menezes? E quem mais? Bom, a Cleyde Iáconis, que tem mais de 80 e mais algumas senhorinhas. Mas com 50? Quem tem coragem de ter cabelo todo branco sem ser desprezada ou demitida?
E é por isso que eu sou dependente química. Da L'Oreal. A cada 15 dias tenho que passar tinta na raiz porque se eu mostrar meus cabelos brancos vão descontar das poucas virtudes que eu tenho.
Assim, aqui estou eu, tentando entender o que eu sou, o que eu posso, o que eu quero, o jeito que o mundo é, como as injustiças acontecem, para equacionar a melhor maneira de viver.
O mundo não é justo, coisas ruins acontecem pra pessoas boas e coisas ótimas acontecem pra gente ruim. Uma coisa eu sei: se você quer alguma coisa, fique por perto. Quem chega aonde quer não é o 'melhor', mas o que estava mais disponível e mais próximo.
Nesta vida, tem muita gente que não tem nem a filogênese, nem a ortogênese, nem gênese nenhuma e acaba ficando com o lugar que você queria porque a sorte sobrou pra ela.
Por enquanto, o que eu tenho é aquilo que eu construí. Com muita coragem.
Se eu pudesse eu faria como um velho professor que tive no segundo grau,.. Ele andava com um carimbo redondinho e, em qualquer papel que escrevesse, deixava sua assinatura: venci pelo esforço.
Vou continuar me esforçando.
E com a terapia, sem medo de ser má e torcer pra que todos os imbecis que se vão pelo acostamento e chegam na minha frente se fodam de verde AND amarelo.

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